O céu é só uma promessa.
Eu morri em uma quinta-feira chuvosa. Um momento de desatenção, uma curva mal feita, o asfalto molhado e então acordei aqui. Morrer não foi doloroso. Eu não senti dor, não senti medo, não demorei a entender. É como se você piscasse aí e de repente acordasse aqui, despertando de um sono profundo. O que dói não é morrer. Morrer me pareceu uma coisa natural. Na verdade, não é nada que eu ou você já não tenha passado antes. Nós morremos e nascemos várias vezes nessa longa jornada. Não, o que dói não é a morte. O que dói é ter que esperar outra oportunidade de viver. Esqueça tudo que você já ouviu falar sobre o céu. O céu não passa de uma longa fila. No dia em que sua vida terminar aí, você automaticamente entra para o final dessa fila, que vai perdurar por um longo tempo, até que chegue o momento de sua nova chance. Aqui sentimos falta de tudo: do cheiro, da fome, do medo. Sentimos falta de sentir. Não existe evolução aqui. O aprendizado acontece em vida. É uma pena que enquanto estamos aí não nos lembremos de nada do que se passa aqui. Se assim fosse, valorizaríamos mais o nosso tempo. A vida é uma oportunidade incrível. O inferno é quando você morre e se encontra com o eu que você poderia ter sido. Aí tem dimensão de onde chegou e até onde poderia ter ido, e vem aquela vontade de voltar e tentar de novo, fazer diferente, valorizar o que deixou pra trás. Essa vontade me consome faz algum tempo, mas o que me resta é esperar. É muita gente querendo voltar. Entenda, o céu não é o prêmio. O céu é só uma promessa. O verdadeiro prêmio é a vida. Faça valer a pena.
Sobre o texto: ‘O céu é só uma promessa’
Rafael, você escreve muitíssimo bem. Sua mãe pediu para que avaliássemos este texto com a finalidade de publicá-lo no jornalzinho do Paz em Jesus. como o jornal ‘Sem Fronteiras’ é uma publicação espírita e seu texto contém informações que não condizem com os atuais ensinamentos da Doutrina, não podemos publicá-lo no formato em que está.
Eu destaquei este trecho para exemplificar meu comentário:
“Esqueça tudo que você já ouviu falar sobre o céu. O céu não passa de uma longa fila. No dia em que sua vida terminar aí, você automaticamente entra para o final dessa fila, que vai perdurar por um longo tempo, até que chegue o momento de sua nova chance. Aqui sentimos falta de tudo: do cheiro, da fome, do medo. Sentimos falta de sentir. Não existe evolução aqui. O aprendizado acontece em vida.”
Eu sei que a linguagem literária é uma linguagem figurada, e ela deve ser assim, pois a escrita literária deve ser interpretada pelo leitor segundo suas possibilidades e desejos. O leitor, ao ler, reconstrói o texto e é isto que faz com que o texto literário seja tão precioso e importante para nossas reflexões e o nosso prazer intelectual. O importante é o que o autor deixa nas entrlinhas.
Acontece que um jornalzinho espírita precisa, por sua natureza, divulgar as idéias espíritas. E, segundo a Doutrina, a vida após a morte não é uma fila de espera e nem é um espaço de tempo ocioso. Após a morte nós trabalhamos, temos momentos lúdicos, amamos e, o que é mais importante, evoluímos muito. Somente aqueles espíritos em condições evolutivas ainda muito primárias, não conseguem fazer sua evolução na dimensão espiritual e precisam reencarnar compulsoriamente para fazer sua evolução aqui na matéria densa. Estes não têm lucidez suficiente para fazer seu aprendizado nas dimensões mais sutis.
Peço desculpas pelo meu atrevimento em comentar seu texto. Fiz isto com todo respeito que tenho por você. Eu acho que você está no caminho certo! Escrever nos faz crescer intelectualmente e nos ajuda a refletir sobre tudo que nos cerca.
Desejo a você sucesso e muita paz!
Gecilma
Olá Gecilma, obrigado pelo comentário. De fato não tive nenhuma intensão de escrever um texto espírita. É um texto fictício onde exponho um pouco da minha visão pessoal. Eu entendo que o conteúdo não condiz com um jornal de uma casa espírita. Os leitores poderiam interpretar errado.
Perfeito!!! Só não entende quem não tem conhecimento.