As lembranças de Ulisses.
Ulisses não se lembra mais do nome da sua professora do primário, nem da primeira vez que viu o mar, ou da gravata que usou na sua formatura; mas nunca se esqueceu do dia em que viu Nayara pela primeira vez. Era uma tarde de agosto e uma chuva fora de época caía sem cessar. Ulisses vinha passando por uma rua desconhecida quando decidiu entrar em uma lanchonete se escondendo dos grossos pingos d’água. Sentou-se próximo do balcão ao lado de uma bela loira de aparência triste. Chamou a garçonete e pediu café para os dois. A conversa fluiu como se os dois já se conhecessem há anos. A loira precisava mesmo desabafar e Ulisses sempre fora um excelente conselheiro. Foram horas que pareceram minutos. Quando a chuva passou, cada um retomou o seu caminho, e de alguma forma, a vida de ambos mudou naquele dia. Ulisses nunca foi de ter boa memória, mas daquela tarde ele nunca se esqueceu. Foi a primeira vez que ele viu a mulher que mudou sua vida. O destino é mesmo um menino travesso. Não fosse a chuva, não fosse a lanchonete, não fosse a loira, ele provavelmente jamais a teria conhecido. A propósito, a loira ele nunca mais encontrou. Nem ao mesmo se lembra o nome dela. Ulisses casou-se com Nayara, que terminou seu curso de culinária e deixou de ser garçonete.
Esse texto é simplesmente Lindo! *-*